November 16, 2009

O texto que não era suposto ser publicado.

1.38 da manha. Olho para o relógio e penso que estás a dormir. Quero mandar-te, nem que seja uma mensagem porque estou a precisar de ti. Preciso daquele estalo psicológico que me trás de volta à racionalidade. E depois penso que não estás ai, não estás aqui. Penso que deves estar ocupada, trabalhos, frequências, com a tua vida. E já não faço parte dela, not really. Magoa-me saber que me prometeste sem palavras que estarias sempre aqui para mim e, depois, por uma razão ou por outra te vais embora e me deixas sozinho, sem dizer nada mais que um simples e falso ‘eu continuo aqui.’ E um ‘eu não gostava de ti apenas como amiga’. This is me putting my foot down and saying: I don’t care. I want you here, the way you were. I want you here for me! NOW!!
E pergunto-me agora se deva publicar esta entrada. Porque não quero que leias. Não quero que penses nem comente. Não quero que continues assim, a dar-me migalhas do que antes foste e a tentar convencer-me que sabem ao mesmo. Porque me conheces o suficiente e sabes que nada vou fazer que não deixar-te assim quando te quiseres ir. E porque é que isto veio? Porque é que a pequena revolta never to be told chegou até mim?
Porque aqui estou, mais uma vez com uma corda que me pus. Mais uma vez um golpe na cabeça, no peito, pelos estilhaços largados de uma inevitável bomba fabricada e detonada por mim.
Por fim tomo a resolução que penso fazer desde há muito; o fechar complecto de uma porta na mente e a do coração. Não preciso mais que me queiram, que me matem a cede de sentir, o desejo de sentir algo que não dor. Fechei também a tua porta que não queres fechar porque, em ti, não queres deixar o passado. Porque vi já o que fizeste no passado. Mas aqui te lembro que não deixo de te responder. Mas simplesmente não quero que me sustenhas uma parede herguida em cima de uma trémula fundação com, agora apenas uma pequena viga de sustento.
E não te vou dizer o que penso nunca, nem fazer o que penso, nem deixar o que para trás está; o tempo que, ao fim de tantos anos, percebo agora, teimou em não passar. Esta não é uma arte de sustento de vaidade de alguém de falsa modéstia mas a linha do pensamento que flui, mais uma vez, sem o crivo da racionalidade. Tudo porque me contaram da vida e me disseram que nada queriam de mim a mais que um amigo.
O velho discurso que diz que: és uma boa pessoa mas estou à espera de algo mais. O mesmo discurso que, depois de inadvertidamente to ter dado, tu mo deste.
Que vontade de correr pelos montes verdes onde, um dia nos deitamos os três. E, nessa tarde, por breves instantes, pensei que te tivesses esquecido do teu passado recente e que tivesses voltado ao que éramos. Mas comprehendi a pouco que, como eu, tu não esqueces o passado e nada torna. Por isso, ao fechar a tua caixa para a arrumar ali ao fundo, fecho também a porta do músculo que restava, do outro lado. Porque não quero mais que alguém se deixe atravessar na minha mente para depois me deixar para trás com um aperto de mão.
Estou largando o passado e esquecendo a vida que tive para regressar à minha reclusão prévia que nenhum de vós realmente conheceu e que apenas uns que ainda raramente estão observaram de longe. Agora, desejo regressar à minha paixão de creança com a mesma inocência que tinha mas com a maturidade de agora.
Verêmo-nos por aí, do outro lado da rua.

Para todos quanto realmente me conhecem,
Para todos quanto pensam que gostariam de me conhecer,
Para todos os que, depois de olharem, perderam o interesse,
Para todos quanto conheço ou não.

Sérgio P.
November 16, 2009
02.21am

2 comments:

  1. Chama-me lamechas... acredita... ou não.
    Mas, para não variar.
    Cá está. Também é isto que me está a acontecer. Também é esta porta que fechei há cerca de 3 meses.
    De onde vem a revolta? Não sei.
    Mas é a suficiente para bater a porta. E não a entreabrir mais, por mais vontade que se tenha em certos dias...

    Obrigada... porque vejo que não estou sozinha na porta fechada, do outro lado da rua.
    Uma lágrima corre agora... mas não é por tristeza... é porque não a consegui conter.
    SAbes onde estou... sabes que tens a tua porta...

    Beijo,

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  2. Fechar uma porta nao é uma decisao facil. Alias, é uma das coisas que pode-nos (ou a outra pessoa) magoar mais do que nós pensamos. Mas de vez em quando as portas fecham-se, mesmo sem dar-mos por isso.
    Vem um vento ou qualquer coisa e fecha a porta silenciosamente e de repente pensamos "mas eu nao fechei esta porta... porque esta ela fechada?". E aí ficamos nós... a olhar para essa porta e a relembrar o que estava lá do outro lado. A lembrar os "velhos tempos", as alegrias, os abracos e tudo mais o que tinhamos atras dessa porta.

    Acontece... talves um dia possam abrir essa porta de novo. Mas se calhar é melhor deixa-la fechada por alguns momentos. Porque é na ausencia que notamos o quanto precisamos da presenca...

    Abraco, Alex

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