August 20, 2013

Alturas em que não mais sentes que o vazio do vento, sao os momentos em que mais sentes a tua escencia; verdade do amago. Mas se, por mero acaso se te nao conheces, torna-se tao novo e assustador que talvez receies o retorno. É facto que o vento de esplendor sub-extimado, capaz de mover o mais robusto dos corpos é talvez a mais engenheira de todas as manifestaçoes naturaes.
É o seu corte gélido que sentes a cada pulsar do coeur, tornar-se lentamente a granito enegrecido. O desconhecido e amedrontamento de que nao mais haja retorno. Ou que se prove embuste a palavra que te é desmentida no gesto. A duvida conheço-a bem, assim como o caminho. Mas lucto. Faço-o ate de mais pela palavra que vejo em ti e que no vento te dê a mao, quente.


Maxwell R. Black

July 15, 2013

Improviso.

Um beijo, um sonho
uma verdade escondida
um dito por não dito
Um sentimento descrito.

Um oculto segredo
ou uma vontade de certo
simples palavras ao vento
um vento gelido, deserto

palavras que não me dizes
tempo que te dou
sem verdade não me olhas
sentimento que voo.

Sinto-te quando não estás. Mas creio que me escondes a verdadeira razão do Tempo.


Maxwell R. Black
Julho 14, 2013

July 01, 2013

Untitled

No que toca à vivência dos povos e, particularmente, na sociedade ocidental civilizada, as particularidades e dicotomias não deixam de ser sem um traço de ironia. Se, a dado momento é-se o topo de algo, um Director de uma cadeia, o melhor empregado da empresa, o namorado perfeito com quem se faz planos para a vida, no momento seguinte cai-se do topo. Somos comidos por uma total insensibilidade que os agentes e as próprias pessoas demonstram umas para as outras. Ao mesmo tempo, porém, revéstem-se de uma total pureza e talha dourada capaz de enganar o incauto que se deixa seduzir pelo brilho da possibilidade de ver reconhecido o seu esforço de vida e suor dados.
É a todo o ritmo incutido pela pretensa modernidade atribuída a razão destes fenómenos que proliferam quando, a realidade demonstra que a racionalização pensada é apenas o encobrimento de uma necessidade intrínseca que o indivíduo tem de ser egoísta. Essa é a verdadeira norma social e transversal que desafia todo e qualquer sistema actual de pacto social. Utópica e ingenuamente pensou-se que este factor natural pudesse ser corrigido de modo a tornar a co-habitação possível. Nenhum sistema idealizado foi capaz de o realizar e o vigente limita-se a ignorar o óbvio, fazendo uma pretensa apologia de que cada indivíduo é único e livre, dando a outra face ao problema imperativo da total irresponsabilidade e, até desresponsabilidade dos actos próprios.
Parece, portanto, lógico concluir que o único facto que realmente une cada indivíduo ao seu semelhante é, apenas e só o ódio que este tem a si próprio.

June 17, 2013

A Imagem

No topo da colina, olhava para baixo. Os largos campos, verdejantes com o sol ténue de fim de Inverno uivavam com a brisa. Depois do canal, a vila impunha-se quase esculpida da paisagem, o coruchéu da torre da igreja apontando para o nada do céu opaco de azul. Aqui, ao meu lado o sobreiro dobra-se sobre mim e quase me enche de sombra. As suas pregas e dobras não são estéreis como parecem. De perto o borbulhar da vida de insecto, cada rasgo um caminho de formigas-touro ou uma toca de aranha. Por entre a ramagem, sem saber bem onde, a cigarra respira. Alto. N'aquele além é onde o tentilhão faz ninho! Mas só nas colinas a perder de vista são os chaparrais. Oiço por cima da brisa o barulho de algo por entre o verde do milho. São os coelhos? Não. é maior! E vem nesta direcção: um javali. Não. é rápido de mais… Á minha volta tudo continua igual. Eu sei que é para mim. Pressinto. Corre! Corre como se soubesse onde estou!
A mancha castanha sai de dentro do verde irrompe desfocada na minha direcção. De língua descaída para o lado da boca e respiração rápida a mancha de pelo brilhante salta na minha direcção. 'Nico!' O meu bicho de sempre enrola-se a mim com os seus olhos negros brilhantes e enormes a olhar na minha direcção. Rebolamos os dois colina abaixo com a brincadeira. O tonto veio desde a vila atrás de mim. Afago-lhe o pelo com carinho, ele lambe-me a mão. O meu amigo.


Maxwell R. Black
June 17, 2013
01.40 pm

February 15, 2013

Palavras, largadas à Travessia.

Caminho ao deserto que te deixou
e vento reinante que bafeja a mente
loucura do pensamento que prende
a verdade que não deve à restrição.

Teimosamente sonhando
pela mão quente do encosto à confiança
que, em verdade não sei se existe.

Mas é a vontade que consome,
que é então balançada pela espada
do vento não tão honesto quando o artifício
sem razão.

Entrelaçados os dedos, sufocando
de apertado ardor da paixão
mas sem saber para onde ir, de facto, em mãos;
em luta do tolo que se esquece
de que há mais além da pedra-mor.

Se corre em beleza da cor
e a sensibilidade ao botão com espinhos…
É o tempo que escorre sem que saiba como
e torna tudo tão sem nexo;
Caos que só ao mais forte Vento ordena.


Maxwell R. Black
Feb 15, 2013
03.03am

February 09, 2013

Alva, a Torre de Ferro

Quando estás onde és
e te conheces tão bem quanto quém vês;
onde a verdade o é sem se esforçar
e o gosto é tão natural quanto a brisa
que resvala tão suavemente ao Rio
quanto o sol frio de Inverno te acaricia
pelo Urbano.
Onde a tua liberdade e o olhar
é apenas mais uma parte de ti e
o peso da limitação é uma ideia recôndita
que depressa te escapa à memória como um
pesadelo deixado.
E depois é-se arrancado dessa liberdade e conforto
e posto de novo na jaula, atirada ao calabouço;
Como se as entranhas arrancadas a punho cru
fossem as palavras de que não és digno de ser Humano;
Condenado à bestialidade para sempre.
Mais forte que a portugalidade saudosista
algo capaz de se sentir o amargo na boca
ou o cheiro fétido do calabouço.

Um pedaço de ti, para sempre à espera do Retorno.



Maxwell R. Black
Feb 09, 2013
03.51pm