June 17, 2013

A Imagem

No topo da colina, olhava para baixo. Os largos campos, verdejantes com o sol ténue de fim de Inverno uivavam com a brisa. Depois do canal, a vila impunha-se quase esculpida da paisagem, o coruchéu da torre da igreja apontando para o nada do céu opaco de azul. Aqui, ao meu lado o sobreiro dobra-se sobre mim e quase me enche de sombra. As suas pregas e dobras não são estéreis como parecem. De perto o borbulhar da vida de insecto, cada rasgo um caminho de formigas-touro ou uma toca de aranha. Por entre a ramagem, sem saber bem onde, a cigarra respira. Alto. N'aquele além é onde o tentilhão faz ninho! Mas só nas colinas a perder de vista são os chaparrais. Oiço por cima da brisa o barulho de algo por entre o verde do milho. São os coelhos? Não. é maior! E vem nesta direcção: um javali. Não. é rápido de mais… Á minha volta tudo continua igual. Eu sei que é para mim. Pressinto. Corre! Corre como se soubesse onde estou!
A mancha castanha sai de dentro do verde irrompe desfocada na minha direcção. De língua descaída para o lado da boca e respiração rápida a mancha de pelo brilhante salta na minha direcção. 'Nico!' O meu bicho de sempre enrola-se a mim com os seus olhos negros brilhantes e enormes a olhar na minha direcção. Rebolamos os dois colina abaixo com a brincadeira. O tonto veio desde a vila atrás de mim. Afago-lhe o pelo com carinho, ele lambe-me a mão. O meu amigo.


Maxwell R. Black
June 17, 2013
01.40 pm