April 27, 2010

Atlas

N’um dia tão simples de quem se despede para voltar ao dia seguinte, olhei uma gota de chuva que caia do céu com um triste sentir de quem se sente só. Quando senti o seu toque de orvalho não resisti ao tê-la para mim. Embalado pelos relampejos ao relento, vi que o altruísmo me corrompeu a alma. Hoje sou eu quem sente o teclar das cordas surdas da tristeza, o perder do que mais quero ter em mim; saudade de não ser o inesquecível paradigma da vida. Sentido de pesar que me entra a alma e distorce qualquer realidade n’aquilo em que vejo. Porque quem seguio em frente largou também a memória do que, à mão passada do relógeo fora. Foi então que o aguaceiro de Verão me tocou a face com o impacto dos cavalos que cessam a marcha de seguida. Projectado, cai em pleno relvado de natureza, vendo as formas cinza e brancas acima atirando contra mim flechas de gelo sem forma. Senti de novo um mundo inteiro por trás de mim, movendo-se à velocidade de mil balas por entre o váquo. Senti a fina camada de ar que me separava do gigante à obliteração e que, em si, era um mundo. Anseei para que a lama em torno de mim me absorve-se para me sentir uno com tudo. E, tão depressa como veio, foi. Largando em seu rasto diamantes puros espalhados como a olhar para mim de volta, retornando-me ao que perdi.

Maxwell R. Black
24/ 27 April, 2010

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