May 21, 2010

A Lua que nunca te mostrei.




Olhando para a lua recordo que nunca te cheguei a mostrar como a via.
talvez assim não tivesses deixado de me sentir
a teu lado como afirmaste querer.

Se, por um lado ainda te oiço dormir aqui,
por outro sinto a cama fria de não mais poder tocar-te ou ouvir-te.
Tentei ser o que queria com tempo
mas não mo deste. Desacreditaste-me quando tentei
não soltar as amarras do meu porto
levantando vôo para lá do poente horizonte
por d'onde se extinguem as flamas de Rá.

Tentei que a vella por meu braço não accordasse partida
mas quando me pensava mais firme, empurraste-me
da altura de mil céus para o precipício sem fim e,
quando, finalmente toquei o oceano por brisa
dei que o azul mais azul que os teus olhos
me olhavam de volta, como se nunca tivesse havido nada mais que eu.

Não mais seria uma perdida e invisível bolha de ar
em ar, esvoaçando à leve brisa de Outono;
vermelho folheado que torna à pedra de onde veio
bramindo silêncios de e uivos como um lobo solo ao bosque.

Tentaste que a água te descesse o corpo e o rosto
como que em espelho mas ainda hoje, confesso,
não saber se seria de ti, a salgada maré que se sumiu
tão rápida quanto veio.

Ao mundo, mentiras que não mais o são.
Ou talvez o sejam ainda sem que ninguém o saiba.

Vi-te. Por tantos e tão poucos segundos
senti a tua alma tocar a minha e vi quém realmente eras.
Deixas-te que eu olhasse nos teus olhos de doce chocolate
e tiráste-mos de vista para que não mais tornassem a enfrentar-me.

Tens medo de me ter; que te tenha.
Medo de enfrentar seres um pouco mais do mundano de que te rodeias
tentando que vejas o teu próprio reflexo.
Quando não entendes que talvez eu fosse o teu reflexo.

Tento ainda fugir do teu cume, evitar olhar pela travessia
porque sei que estarás a evitar olhar para mim, do alto.
Regresso às catacumbas em que sempre te esperei
agora sem esperança de Ser. Não accredito que poderei
vir a olhar-te os olhos de novo. Não como olhei.
Porque a dor, essa continua: a de não seres agora nada mais que uma memória.

Maxwell R. Black
May 21, 2010
01.54am

5 comments:

  1. m. sunshine: Muito obrigado :) Adoro quando posso fazer alguem, ao fim de um texto, sorrir ou mesmo ficar com os olhos lacrimejantes. É sinal que está mesmo bem escripto e que a tarefa foi cumprida :)

    Bem vinda ao meu mundo :)

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  2. Toda uma imensa sensibilidade neste post...

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  3. pinguim:
    não sei se considero isso bom ou mau. É uma linha bastante ténue i guess.

    Sérgio:
    Thank you. Aainda bem que gostate. :)

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