February 16, 2010

Perdido ao som de ti.

Porque não te vejo;
e cada vez que te vejo circular
do outro lado do mundo, de onde vêm os sonhos feitos
de onde as teclas do piano voam com uma simples melodia
vejo que as débeis flores brancas de jovial pensamento
jazem agora imóveis a teus pés: mortas.

e sei que buscas algo que em mim não soa.
algo que eu, como sou desejaria dar-te, possuir
mas que, em espelho de mim não encontro mais que um querer.
Pois tento sê-lo contigo mesmo depois de ficar;
triste murmúrio de palavra calada pelo pesado silêncio de nós
por mim.

Creio que não tornaremos mais.
Cada doce beijo que trocamos, infinito em si e intemporal
ao tempo que teima em passar e nos deixar,
Cada olhar não dito da tua alma e da minha que soldo
vem-me à mente como um brusco relampejo,
ofuscante luz que me bloqueia os pensamentos
e deixa-me apenas com a tristeza de não poder ter-te em alma.

Apenas teu seria, como a eterna rosa azul
impossível em si e unicamente una consigo,
flor de jardins encantados no antigo palácio real
d’os perfumes da realeza deambulatória à secreta luz da lua
no randez-vous cortês e no romantismo passado.

Sentidos a um todo que ferem o interior como um pedaço
que não mais é, queimado e apodrecido pela solidão.
Chama do presente que marca de negrume o símbolo das eternas àguas
caído à ânfora do conhecimento e por onde passa a vida
para ser absorvida mas sempre deixada, intacta e sem máculas
dos descalços pés à erva do eléctrico que agora não passa mais.

Ao teu retrato falo porque o não posso à face.
Porque não o sinto quando em ti e mo não deixas.
Tentar ser-te é ir contra a natureza da Natureza; ser.
Mereces o que não te posso ser e o que procuras sem lágrimas de solidão:
agora é a minha vez.

A ti, que deambulas à velocidade da vida e que por fortuna comigo colidiste.

Maxwell R. Black
February 16, 2010
01.39am

4 comments:

  1. Não penses no "caso". Fá-lo, amigo :) [efiro-me ao bilhete masbuscrito]
    Um enorme abraço :)

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  2. Nem sempre somos a corda na vibração perfeita de alguém...
    Nada como tentar afinar, e ir tocando a nossa balada... pelo menos preenchemos o silêncio.

    Beijinho,

    (Eu adoro a ponte 25 de Abril... traz memórias de viagens... e mais... acima de tudo adorei o esboço)

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  3. Lobinho:
    Sim, tenho que fazer. Ja deixei algo parecido a uns meses mas era apenas uma ou duas frases soltas--

    Izzie:
    E quando não te deixam vibrar? Quando queres deixar o som fluir de ti e olhas em volta e não vês já motivos para tal? Acho que este texto é mais uma das minhas despedidas unilaterais, uns meses já depois do acontecimento bi-lateral-- Estou um bocado perdido aqui mas-- Farei o que sempre fasso: walk away.

    PS: se a Ponte Salazar te trás memórias, mais uma razão para darem um saltinho aqui à Terra Moura :P

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