February 09, 2010

Sentido do adeus que perdi.


Uma música que não gosto, por alguém que não gosto e de um programa que não sigo e que, ainda assim--


Um ano,
uma volta em torno da luz que me cega sempre
a cada dia.

Vivo pelo sentimento de apenas viver
o pelo que hoje não existiu nunca.
Lembranças ao nascer do sol, como se o verde da relva
uma despedida tua, lágrima que eu não senti; não vi.
E, se o teu branco cavalo de renda que se desfaz ao som do mar
um dia tornar, que não espero
teria sempre um rochedo de dura pedra onde olhar o horizonte
perdendo a as crateras por onde nasceste e cresceste.

Brilhante órgão de prata que me olha agora,
quando não mais as tuas delicadas mas não frágeis íris voltarem
a não vir, no longo abraço que era teu e meu, ao sair de uma pequena caixa,
ao subir da mais alta escadaria ladeada de vidro e escravos que não sentem.

Ao teu desejo, meu, não mais.
Ao teu toque, que sinto, mas que já não me toca.
Ante a tua nova rigidez encontrada ao alto, por trás da velha ponte
tremo; apenas de frio.

Inverno haja que a pequena flor de cerejeira abra
e chova então tal fantasia de neve quente, correndo aos grilos do Japão.

Porque a cada trémulo harpejo me lembro da vibrante corda que deixaste,
porque em ti decidiu morrer o que amei.
Quão previsível serei ao dizer que não te deixarei?
Verdades que a nada apelam, onde o brilho da noite reflecte apenas o negro do que não existe mais.
A ti, velho que choras no cais,
em cujas longas barbas caiadas da cor da lua cai o sal que observas,
a quém a partida do antigo vapor para a prometida terra deixou um vazio de tudo
peço que não digas nada.
Um sussurro das palavras nunca ditas entre nós, da vida que, nem tu nem eu sonhamos de algum tempo; agulha perdida ao sabor do campo.
Peço-te que não levantes o olhar quando me levantar, tirar o dourado objecto do bolso e, ao ver as suas mãos tomarem por defunto a numeração branca, desaparecer, caindo o solitário da corrente na madeira, tirada à força da àrvore e tão rudemente esculpida como chão.

Sentido do adeus que perdi, à linha do meio, deixado.

Maxwell R. Black
Februrary 09, 2010
03.35am

3 comments:

  1. Eu amo esta música... esta música sou eu... mas na versão original... do Rui Veloso.
    Quanto ao adeus... aprendi ontem... no meio da confusão que criamos, que deixamos criar... que nada mostra mais crescimento do que conseguir dizer adeus.

    Beijo, tenho saudades tuas ;)

    ReplyDelete
  2. Já te disseram que és um poeta nato?????
    Já pensaste o que fazer com os teus versos????
    Tenho pena de não ser editor...

    ReplyDelete
  3. Izzie:

    Sim, ás vezes por não querer ou conseguir dizer adeus, deixamos que a confusão a nossa volta se torne cada vez mais-- Sem sabermos para onde nos virar. Eu descubri, como todos, eventualmente, descobrem que a única maneira de resolver isso é dizendo Adeus. Mas será que às vezes se diz adeus cedo de mais? Adeus pelo habito de descomplicação?
    Tb tenho saudades tuas. Vai dizendo kkr coisa de vez em quando. Eu tenho andado ausente do blog-- Exames--

    pinguim:
    Eu poeta?? xDD Só escrevo de vez em quando-- Os meus versos não são para fazer nada. São para quem quizer ler. Talvez, um dia os publique, maybe--
    Que farias se fosses editor?

    ReplyDelete