August 14, 2009

copyrights: as leis que não são leis / Opressão de Liberdade

   Terá chegado o momento? Será efectivamente altura da nossa liberdade ser interdita? Hoje vi no noticiário uma notícia que, apesar de não surpreendente, não deixou de me chocar e de me revoltar. O site MAPiNET exige (aparentemente com sucesso) à PT, responsável pela distribuição de internet em portugal, que proíba o acesso a um punhado de sites afirmando que estes são ilegais, uma vez que distribuem conteúdo copyrighted. (artigo em: http://www.mapinet.org/2009/08/a-pt-notificada-para-remover-sites-piratas/)

   Este acto repressor lembrou-me de imediato quando foi anunciado publicamente a negação do acesso ao Google na República Popular da China. Acho sínico, e francamente nojento estados que amam proclamar ao mundo que são livres e que os seus cidadãos têm todos os direitos e mais alguns e condenam outros países diferentes da sua máscara hipócrita quando depois proíbem o que não lhes agrada. Não culpo apenas os chefes de governo mas todos aqueles que defendem os ‘pobres’ monopólios que, devido a downloads ‘ilegais’ não vão poder comprar carros topo de gama, vivendas em locais de luxo, férias em locais paradisíacos aos donos de cadeias como a Paramount, a Electronic Arts ou a Vidisco para citar apenas algumas de muitas que, com a desculpa de querer beneficiar o ‘artista’ (que de artístico têm já muito pouco, veja-se a qualidade de representação em Morangos com Açúcar ou a capacidade vocal de Britney Spears) roubam o consumidor praticando preços líquidos bastante inflacionados em relação ao custo de produção.

   Ao contrário do que afirmam, estudos comprovam que quem mais faz downloads ‘ilegais’ é também quem mais compra o produto oficial. Incoerente? Nem por isso. A maioria dos ‘piratas’ faz downloads por três principais razões: o produto não está disponível na sua área; o utilizador quer saber se o produto na sua totalidade (e não ‘amostras’ que são refinadas para atingir o maior número de clientes) vale a pena o preço; o preço do produto no mercado e bastante mais elevado do que o produto realmente vale.

   Já toda a gente fez downloads de algo apenas para ‘encher tempo morto’. Produtos daqueles que entretêm apenas e não fazem pensar (que, diga-se, são a grande maioria). Tomemos uma série, por exemplo. De que vale gastar 30€ (preço aproximado da S4 de House MD no site da FNAC) ou 40€ (S1 - Stargate Atlantis, no mesmo site) quando se pode ter o produto com uma fracção do preço, muitas vezes com melhor qualidade que a edição em dvd?

   As produtoras / editoras / etc. dizem que os exorbitantes preços são para cobrir os custos de produção. Bem, ninguém os manda fazer produções com elevados orçamentos. Até porque cada vez mais fica provado que grandes orçamentos de produção dificilmente significa melhor qualidade de produto. Este continua a ser tão medíocre ou ainda mais do que era antes de os preços de produções escalarem. Se são ‘eles’ quem se mete em grandes negócios que saem furados, não podem obrigar o consumidor a pagar os seus maus investimentos.

   Por sua vez, os governos (dado a sua pouca estratégia política, habituados a um população votante que pouco deve ao poder de raciocínio) em vez de ouvirem a maioria da população, a favor da liberdade de troca de material copyrighted (tanto no Reino Unido como na Finlândia, entre outros países europeus, se fizeram fortes manifestações contra este tipo de ‘leis’ que proíbem a troca informática, manifestações essas abafadas pelas grandes distribuidoras) seguem aquilo que as grandes companhias lhes ordenam, como se fossem donas e senhoras do mundo, qual América.

   O problema é que o cidadão não tem como se livrar deste regime totalitário que se criou desde a invenção do disco de vinil. A distribuidoras compram (literalmente) políticos, juízes (como ficou mais que óbvio no julgamento dos ex-operadores do site The PirateBay, informação disponível em http://thepiratebay.org/ incluindo o documentário sobre o julgamento, basta por na pesquisa ‘the pirate Bay trial’ ou incongruências no processo em http://thepiratebay.org/blog , post intitulado ‘Peter Sunde sues Mr. Kuk’) e quem mais precisam para que o seu império de mais de 30 anos (falamos das ‘leis’ de copyright modernas, aprovadas dos Estados Unidos da América em 1976, http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_copyright_law).

   Pergunto-me quem é que, por de facto defender a liberdade e não por interesse monetário, investigou se essas copyright ‘laws’ são efectivamente válidas enquanto leis, não contrariando qualquer outra lei, seja ela de liberdade de expressão ou não. Simplesmente se tomaram essas regras como sendo leis e agora toca de aplicar, justas ou não, quer prejudiquem ou não.

   Não podemos deixar que o monstro que criámos nos destrua. Não podemos permitir ceder mais um direito nosso como fizemos com o direito à privacidade! Afinal de contas e, olhando bem, muito pouco nos é permitido enquanto cidadãos supostamente livres. Foram-nos cortados os direitos de fazer aquilo que a nossa mente pede e, agora, está-se também a proibir as pessoas de partilhar ideias, pensamentos, sonhos. Está-se a proibir a partilha de raciocínio, a fala, a escrita, a representação, a canção. Está-se a obrigar o Homem a deixar de o ser para passar a ser algo menos que um escravo.

Há que lutar contra a opressão! Há que lutar por nós!!!
DOWN WITH copyright laws!

1 comment:

  1. Concordo plenamente contigo, mas vejamos uma coisa, se querem facturar a custa de um produto, e vemos que as coisas não mudaram muito nos ultimos 30 anos, deveriam ser inovadores não?

    Cobrar aquilo que uma pessoa não pode ou não quer dar faz com que haja quedas nas vendas, porque não fazer saldos de 60% 70% de desconto?

    Se queres uma box de uma temporada duma série, porque não vender ao preco de uma caixa de 10 Dvd's? Vendiam na mesma e lucravam na mesma, e ai talvez desse vontade para fazer melhor, porque vejo hoje em dia muitos artistas em queda algo que há uns dois três anos nos faziam ouvir a mesma musica vezes e vezes sem conta...

    Porque não investir como estão a fazer actualmente nos MMORPG's? Já que se trata de copyrights, porque não lançá-los online, e se quiseres ter tudo sobre o jogo, pagares pelo serviço? É tudo uma questão de inovação, deveriamos abordar mais por estes dois factores se querem mesmo ser, quem dizem ser, Srs Eminems, Srs Bill Gates, Srs Spielbergs ;)

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