A maré ao Tejo baixa comigo
como o marfim que me rodeia antes das badaladas do relógio de pêndulo, assente ao crescendo do dia.
(Rodeado pela cinza de algodão como o cume que se me enfrenta sinto o teu gritar em silêncio.
Movimento que não cessa mas que e que oiço lá longe no pendular que marca o teu respirar e, no entanto, aqui tão perto da civilização, o teu eterno branco sujo batendo à neblina acalma-me. Sinto o encher do barco que nos deixa apenas a nós, que nos sentimos. Como se lesses os meus pensamentos e eu te tornasse n’algum ser meu irmão de alma, lacerado pelos sapatos de couro que fingem ver-te.
À tua nova fachada vejo-te, alma já vivida e desejada mas que agora te vês, eu, entre os aeroportos que te navegaram em tempos.)
Atlas do mundo que vivi sem que meu fosse e hoje, dessas ruínas nada mais resta que a triste memória de ter sido uma vaga presença. Resta de ti a ténue sombra à despedida de memorias que antes foste, terra de ninguém. Deixada de amarras soltas corres, tentando ao que poderias nunca ser e benzes-te como um falso crente que finge para não morrer em si. Sentindo o ardor, navego em ti na sedução de namorados e dos lençóis ardentes da reconciliação. Minha amada que pecas por não ser a que amo mas apenas a presença de que preciso. Ténue breu pelo teu corpo de mulher despida, torrada pelo sol que amas e cujo desejo de amante se perde por não teres a quem amar.
Sentado, a teu lado toco-te a tão delicada coxa que tentas-te ser de novo, por baixo dos plátanos que agora tornam a si e do fogo de àgua que, cíclico, nos molha como a chuva que amanhã fará. Tornarei a ver-te de novo, pelo menos amanhã.
Maxwell R. Black
May 08 and 09, 2010
May 09, 2010
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